terça-feira, 2 de julho de 2013

5 - De quando fez de graça

Finalmente aconteceu, oh lord finalmente. Já estava cansada daqueles pés rapados que culpavam a esposa por não sentirem mais tesão, mas a trancafiavam em meio a múltiplas tarefas domésticas sem deixar nem uma graninha pra manicure. No fim era sempre aquele mimimi “ah quando nos casamos ela estava sempre arrumada, agora engordou 10 quilos e só usa pijama”. Porcos, estes são os piores, os mais fétidos, os mais grotescos. Mas hoje não, hoje foi o dia de sorte. O carro importado parou e fez sinal. Quando entrou nem acreditou. Que homem, senhor, que homem. “Podem me apedrejar que pra ele eu dou até apedrejada”. Quando ele entrou no hotel caro jurou que era algum tipo de brincadeira. Mas quando ele a despiu vorazmente viu que era real, carnal. Deu de quatro, de lado, e, se duvidar até de ponta cabeça, enfim, fez tudo, tudo mesmo. E essa é a história do dia em que ela não cobrou pelo serviço. Por quê? Porque foi a única vez desde que entrou nessa vida que conseguiu gozar.  

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