Cheirou duas gramas e saiu. Sabia
que a noite tinha algo para lhe dar, e tinha: A noite, há cinco anos, lhe pagava
a conta de luz e do aluguel. Ahh noite, ingrata noite, maldita noite, que na
juventude embalava seus sonhos entre uma garrafa e outra. Hoje lhe traz apenas
corpos sujos em busca de prazer. É como a mãe má que bate, castiga, mas ainda
assim sustenta, alimenta. Não sabe mais por quanto tempo será assim. Não porque
tenha outros planos, ao contrário, são as rugas em sua face sofrida que já não
atraem mais clientes quanto em outros tempos.
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