sexta-feira, 28 de junho de 2013

2 - Da sobrevivência

Cheirou duas gramas e saiu. Sabia que a noite tinha algo para lhe dar, e tinha: A noite, há cinco anos, lhe pagava a conta de luz e do aluguel. Ahh noite, ingrata noite, maldita noite, que na juventude embalava seus sonhos entre uma garrafa e outra. Hoje lhe traz apenas corpos sujos em busca de prazer. É como a mãe má que bate, castiga, mas ainda assim sustenta, alimenta. Não sabe mais por quanto tempo será assim. Não porque tenha outros planos, ao contrário, são as rugas em sua face sofrida que já não atraem mais clientes quanto em outros tempos.

1 - Da vulgaridade

Ela é recalcada. Sempre será uma recalcada, mas assim o é por opção. Ela é recalcada porque escolheu trocar o amor por vulgaridade. Porque entendeu, depois de muito se julgar, que essa vulgaridade lhe é intrínseca. É como aquela ruga na face que você tenta esconder com quilos de maquiagem, mas, que depois de alguns poucos drinks, o suor do corpo faz questão de revelar.
Agora que se aceitou, resolveu tirar proveito do que lhe é proveito. Segue a vida vendendo aquilo que mais lhe dá prazer.